Descongelamento do permafrost siberiano tem potencial para redefinir a ameaça microbiana

Os estudos conduzidos pelo virologista Jean Michel Claverie, que focam nos vírus preservados no permafrost siberiano, revelam um cenário assustador e potencialmente perigoso. Jean Michel e sua equipe vêm se dedicando há anos à exploração de vírus antigos, conseguindo inclusive reativar alguns desses micro-organismos preservados no gelo por milhares de anos. 

O virologista Jean-Michel Claverie – Foto: Reprodução/Bloomberg 

Além da existência desses vírus, a pesquisa também serve como uma advertência sobre os riscos associados ao descongelamento do permafrost, acelerado pelas mudanças climáticas. A reativação de vírus antigos, que até então permaneciam inofensivos devido às baixas temperaturas, podem apresentar uma ameaça desconhecida à humanidade, especialmente, se esses micro-organismos encontrarem hospedeiros adequados. 

A atividade industrial e a exploração humana nas regiões árticas, onde o permafrost (solo permanentemente congelado) está localizado, podem levar à exposição a patógenos antigos que estavam presos no gelo, afetando os profissionais envolvidos com mineração ou perfuração de poços de petróleo que ocorre nessas áreas. Esses patógenos, incluindo os vírus antigos, podem então ser liberados ao ambiente, e possivelmente entrar em contato com humanos ou outros animais. 

A situação é ainda pior com a falta de colaboração entre os países, devido às relações geopolíticas tensas. As regiões árticas, muitas vezes objeto de disputas geopolíticas e de soberania entre diferentes nações, podem impedir uma resposta eficaz para monitorar, entender e reduzir os riscos associados à liberação desses patógenos antigos. Esta situação expõe mais uma vez a irresponsabilidade das lideranças mundiais que nada aprenderam com a recente pandemia, responsável pela morte de milhões ao redor do mundo. 

Apesar da conhecida capacidade dos vírus e bactérias em sobreviver congelados por milhares de anos utilizando um processo biológico denominado de criptobiose (tornam o seu próprio metabolismo inativo), é importante notar que, embora seja teoricamente possível que esses vírus antigos possam ser reativados e se tornem infecciosos novamente, ainda não existe comprovação de que esse processo de descongelamento e retomada do potencial infeccioso desses vírus já tenha ocorrido de forma natural. 

Fonte: cnnbrasilistoeoglobo – uol 

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