Tom Warren, jornalista do The Verge, recentemente agitou o mercado de videogames ao sugerir que a Microsoft poderia alterar sua estratégia de marketing em regiões como Europa, África e Oriente Médio (EMEA). Segundo um informante não identificado, a empresa estaria considerando deixar de promover os consoles Xbox nesses mercados, focando-se em vez disso no Game Pass, jogos em nuvem, PC e acessórios como controles Xbox. No entanto, há vários motivos para considerar essa afirmação infundada ou, pelo menos, prematura.
Primeiramente, o próprio Warren admitiu que não conseguiu verificar totalmente a informação de sua fonte. Isso significa que a alegação ainda é especulativa e não foi confirmada pela Microsoft. A falta de verificação completa deixa margem para questionamentos sobre a veracidade da informação e a real intenção por trás de tais afirmações.
Além disso, alguns usuários e observadores da indústria mais atentos sabem que a venda do Xbox da Microsoft em certas regiões da EMEA já tem sido mínima há anos. Isso sugere que qualquer redução adicional pode não representar uma mudança tão significativa quanto se pode pensar. A Microsoft tem focado cada vez mais no Game Pass, no jogo em nuvem e na expansão de seu ecossistema de jogos além das vendas tradicionais de consoles. Essa estratégia mais ampla pode envolver a realocação de recursos de marketing em vez de cessar completamente os esforços de marketing dos consoles Xbox nessas regiões.
O mercado de jogos na EMEA é altamente competitivo, com fortes desempenhos da PlayStation e da Nintendo. A potencial mudança de estratégia da Microsoft pode ser uma resposta tática a essas condições de mercado, em vez de uma retirada total do marketing de consoles. Portanto, a afirmação de que a Microsoft pode encerrar o marketing do Xbox na região EMEA deve ser vista com cautela, considerando esses fatores.
Esse tipo de declaração só reforça a percepção de consumidores atentos, que percebem claramente como parte da mídia busca beneficiar a Sony com o PlayStation, enquanto a plataforma Xbox é frequentemente tratada com certo rancor. Um exemplo evidente foi o processo de aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, onde diversos veículos de comunicação trataram a negociação como se fosse o fim da indústria de jogos, com notícias alarmantes e, muitas vezes, colocando a Sony como vítima. No entanto, durante o processo, foram descobertas práticas anticompetitivas por parte da Sony, como a tentativa de bloquear jogos de sucesso de chegarem ao Game Pass e acordos de exclusividade que prejudicam a concorrência.
A imparcialidade é um princípio fundamental do jornalismo, mas muitos profissionais do setor parecem deixar suas preferências pessoais influenciarem a cobertura das notícias. Isso é especialmente problemático quando se considera que a Microsoft oferece um dos melhores custos-benefícios do mercado com seu serviço de assinatura Game Pass e a retrocompatibilidade de seus consoles. A cobertura tendenciosa não só prejudica a imagem da plataforma Xbox, mas também desinforma os consumidores que buscam investir em uma plataforma que atenda melhor às suas necessidades.
Um exemplo claro dessa disparidade na cobertura midiática pode ser observado nas reações aos aumentos de preços dos serviços de assinatura das duas empresas. Quando a Microsoft anunciou um aumento de R$ 10 no preço do Game Pass essa semana, houve uma enxurrada de especulações sobre as razões por trás do aumento, incluindo suposições de que seria para cobrir os custos da aquisição da Activision Blizzard. Em contraste, o aumento de quase 40% no preço da PlayStation Plus foi noticiado de forma mais branda, muitas vezes apresentado como uma estratégia de mercado da Sony, sem o mesmo nível de escrutínio ou crítica.
Essa diferença de tratamento não só destaca um viés na cobertura, mas também influencia a percepção pública das duas plataformas. Enquanto a Microsoft é frequentemente vista sob uma luz crítica, a Sony recebe uma cobertura mais favorável, o que pode impactar as decisões de compra dos consumidores e a competitividade no mercado de videogames.
Impacto dos Aumentos de Preço no Brasil
No Brasil, a Sony aumentou os preços das assinaturas anuais do PlayStation Plus em até 40% em 2023. Os novos valores são os seguintes:
- PS Plus Essential: de R$ 199,90 para R$ 278,90 (aumento de 39%)
- PS Plus Extra: de R$ 339,90 para R$ 475,90 (aumento de 40%)
- PS Plus Deluxe: de R$ 389,90 para R$ 538,90 (aumento de 38%)
O Xbox Game Pass também sofreu um aumento de preço em 2023. A partir de 6 de julho de 2023, o preço do Xbox Game Pass Ultimate aumentou de R$ 44,99 para R$ 49,99 por mês no Brasil, representando um aumento de aproximadamente 11,1%. Em julho de 2024, a Microsoft aumentou o preço do Xbox Game Pass Ultimate no Brasil de R$ 49,99 para R$ 59,99 por mês, representando um aumento de 20%.
A declaração de Tom Warren sobre a possível mudança na estratégia de marketing da Microsoft é apenas a ponta do iceberg de um problema maior: a cobertura tendenciosa da mídia no setor de videogames. Para que os consumidores possam tomar decisões, é crucial que a cobertura jornalística seja justa e imparcial, refletindo a realidade do mercado sem favoritismos. A mídia tem um papel crucial em garantir que essas informações sejam apresentadas de forma justa e objetiva, permitindo que os consumidores decidam qual plataforma atende melhor às suas necessidades.
Negar que existe uma tendência por parte da mídia em beneficiar a plataforma PlayStation em detrimento do Xbox, que vem apresentando a melhor proposta ao consumidor, é negar a realidade. Basta ver este trecho da matéria do site Gamerant:
Uma leitura atenta revela o seguinte:
1 – O texto compara a estratégia da Sony de lançar títulos first-party no PS Plus com o lançamento de filmes de sucesso nos cinemas antes de chegarem aos serviços de streaming, sugerindo um nível premium e de alta qualidade para os jogos do PlayStation.
2 – Afirma que a abordagem do PlayStation “parece funcionar muito bem para eles”, destacando que os jogos first-party da PlayStation são alguns dos “títulos mais bem avaliados e mais vendidos do mercado”.
3 – O texto também enfatiza que os “melhores jogos first-party da PlayStation” são altamente valorizados e vendem bem, sugerindo uma alta qualidade que justifica a estratégia de lançamento.
Por outro lado, ao analisarmos a abordagem da plataforma Xbox, vemos que, embora mencione o sucesso de Starfield no Xbox Game Pass, isso é utilizado mais como uma justificativa para a abordagem premium da Sony, e não como uma crítica direta à empresa nipônica. Resumindo, o texto beneficia o PlayStation ao destacar a eficácia de sua estratégia de lançamentos e a alta qualidade e sucesso de seus jogos first-party.