As mudanças climáticas estão desencadeando uma série de adaptações surpreendentes no reino animal, inclusive influenciando o tamanho do cérebro e o comportamento de diversas espécies. Esta tendência é particularmente evidente em aves e seres humanos, conforme revelam recentes estudos.
Na América do Norte, pesquisadores observaram uma redução no tamanho corporal de pássaros canoros ao longo de 40 anos. Justin Baldwin e Carlos Botero, da Universidade de Washington em St. Louis, analisaram essa diminuição com um enfoque no tamanho cerebral. Descobriram que aves com cérebros maiores, relativamente ao tamanho do corpo, estão encolhendo a um ritmo mais lento do que aquelas com cérebros menores. Este fenômeno sugere que a capacidade cerebral pode fornecer uma certa resiliência frente às mudanças climáticas, permitindo uma melhor adaptação comportamental.
Em paralelo, um estudo sobre a evolução do tamanho do cérebro humano ao longo de cinquenta mil anos revelou padrões semelhantes. Durante períodos de aquecimento climático, o tamanho médio do cérebro humano mostrou-se significativamente menor em comparação com períodos mais frios. A pesquisa sugere uma resposta adaptativa ao clima, impulsionada pela seleção natural em resposta ao estresse ambiental.
Além disso, Sean O’Donnell, um renomado neurocientista e professor de Biodiversidade, Ciências da Terra e Ambientais, e Biologia na Universidade Drexel, explora como as mudanças climáticas estão moldando os sistemas nervosos e o comportamento animal. O clima alterado afeta a maneira como os animais processam informações sensoriais e se adaptam a novos ambientes. O’Donnell, com sua extensa pesquisa focada na interação entre ambientes extremos e a estrutura e função dos sistemas nervosos animais, destaca como tais mudanças podem levar a desafios cognitivos e comportamentais significativos, ressaltando a necessidade de entender melhor essas adaptações.
Essas descobertas apontam para um elo intrigante entre clima e neurobiologia, sugerindo que as mudanças climáticas podem estar remodelando a vida selvagem de maneiras mais profundas do que imaginávamos.
Fonte: pubmed – phys – news.yahoo – sciencealert