O recente surto do vírus Nipah na Índia reacendeu a preocupação sobre o perigo desse vírus, mostrando a necessidade de permanecermos atentos e adotarmos medidas preventivas. O vírus Nipah é uma zoonose, o que significa que é transmitido de animais para humanos. Seus hospedeiros naturais são os morcegos frugívoros, mas também pode estar em porcos, cavalos, cães e gatos. A transmissão acontece pelo contato direto com esses animais, consumo de alimentos contaminados ou de pessoa para pessoa.
Os sintomas do vírus Nipah variam de assintomáticos a doenças respiratórias severas e encefalite, uma inflamação cerebral letal. Os sinais mais comuns incluem febre, dor de cabeça, sonolência e dificuldades respiratórias, que em casos graves podem levar ao coma.
Sobreviventes graves podem ter efeitos neurológicos a longo prazo. A taxa de mortalidade é alta, entre 40% e 75%, dependendo do surto e das medidas de controle. A infecção é diagnosticada com testes como RT-PCR e ELISA, que identificam a presença do vírus e dos anticorpos no corpo.
Identificado em 1999 na Malásia, o vírus Nipah causou um grande surto entre criadores de suínos. Desde então, surtos ocorreram principalmente em Bangladesh e na Índia. Em 2018, Kerala enfrentou um dos piores surtos, com 17 das 18 pessoas infectadas morrendo. Em julho de 2024, a morte de um adolescente em Kerala reacendeu os alarmes.
As autoridades locais identificaram 214 pessoas que tiveram contato com o paciente, das quais 60 foram consideradas de alto risco e colocadas em isolamento. Medidas rigorosas foram tomadas para monitorar e conter o vírus, incluindo o fechamento de escolas e escritórios e a criação de comitês para identificar e isolar os afetados.
Para prevenir a infecção, a OMS recomenda evitar frutas possivelmente contaminadas por morcegos, usar equipamentos de proteção ao manusear animais e evitar contato próximo com pessoas infectadas, lavando as mãos frequentemente.
A destruição de habitats naturais, como o desmatamento, aumentou o contato entre humanos e animais hospedeiros, facilitando a transmissão de doenças zoonóticas como o Nipah. Embora o risco global de disseminação seja baixo, a mobilidade humana e a globalização exigem vigilância contínua. Regiões como Camboja, Gana, Indonésia, Madagascar, Filipinas e Tailândia também podem estar em risco de infecção.
Especialistas destacam a importância do monitoramento e rastreamento rigoroso dos casos para prevenir uma epidemia mais ampla. A alta mortalidade e a falta de vacinas ou tratamentos tornam essencial uma resposta rápida e coordenada. O vírus Nipah é uma grave ameaça devido à sua alta taxa de mortalidade e capacidade de transmissão entre espécies. A experiência de Kerala mostra a eficácia das medidas locais e a necessidade de colaboração global para prevenir surtos futuros. Pesquisas contínuas e políticas de saúde pública são vitais para enfrentar essa e outras ameaças pandêmicas.
Comparado à COVID-19 e à gripe, o Nipah é ainda mais grave. A recomendação é que visitantes das áreas afetadas evitem contato com infectados e não consumam frutas cruas. Até agora, 706 pessoas, incluindo 153 trabalhadores da saúde, foram avaliadas.