A Ubisoft está enfrentando um grande problema com o seu novo jogo ambientado no Japão. “Assassin’s Creed Shadows”, encontra se no meio de um debate intenso sobre apropriação cultural, precisão histórica e sensibilidade cultural. Uma petição pedindo o cancelamento do jogo já tem 83 mil assinaturas, enquanto um grupo histórico japonês e o governo japonês criticam o uso indevido de símbolos culturais e a representação de figuras históricas.
Críticos afirmam que os desenvolvedores ocidentais usaram símbolos japoneses sem entender seu significado, resultando em uma representação superficial e potencialmente ofensiva. A petição, organizada por Shimizu Toru, acusa “Assassin’s Creed Shadows” de desrespeitar a história e cultura japonesa, chamando o jogo de “insulto sério” e até racista. As críticas se concentram nos protagonistas: Yasuke, um samurai africano histórico, e Naoe, uma ninja fictícia. Embora Yasuke tenha sido uma figura real que serviu Oda Nobunaga, muitos criticam sua representação no jogo, alegando imprecisões históricas e apropriação cultural.
A confusão começou quando foi descoberto que “Assassin’s Creed Shadows” usava, sem permissão, a bandeira de um grupo de reencenação militar japonês chamado Sekigahara Teppo-tai no jogo e em um livro de arte digital. Esse grupo, que recria eventos históricos e batalhas do Japão feudal, não havia sido consultado ou dado permissão para o uso de sua bandeira. A Ubisoft se desculpou publicamente em 8 de julho e prometeu remover a bandeira do jogo, mas informou que a bandeira ainda apareceria no livro de arte da edição de colecionador, já que esse material já estava impresso. Isso deixou o grupo Sekigahara Teppo-tai insatisfeito.
A controvérsia aumentou quando Satoshi Hamada, representante do governo japonês, anunciou que levaria a questão ao parlamento japonês. Hamada destacou preocupações sobre a “apropriação cultural e invasão cultural” no jogo. Ele pretende examinar a representação de Yasuke, ressaltando a falta de documentação histórica sobre a vida do samurai africano e como isso pode afetar sua retratação.
Apesar das críticas, a Ubisoft mantém a data de lançamento de “Assassin’s Creed Shadows” para 12 de novembro. O jogo estará disponível para PlayStation 5, Windows PC e Xbox Series X, além de ser acessível aos assinantes do Ubisoft+. A empresa não mostrou intenção de cancelar ou adiar o lançamento, afirmando que continuará com sua programação original.
Vale lembrar que a franquia “Assassin’s Creed” nunca foi conhecida por sua precisão histórica. Os jogos misturam fatos históricos com ficção científica e elementos sobrenaturais, criando uma narrativa única que frequentemente toma liberdades criativas com personagens e eventos históricos. Essa abordagem permitiu que a série explorasse diversos períodos históricos de maneira envolvente, mas também abriu espaço para críticas quando essas liberdades são vistas como insensíveis ou desrespeitosas.
A controvérsia em torno de “Assassin’s Creed Shadows” nos mostra os desafios enfrentados pelos desenvolvedores de jogos ao retratar culturas e histórias de maneira respeitosa e precisa. Enquanto a Ubisoft se prepara para o lançamento, a resposta do público e das autoridades japonesas continua a evoluir, mostrando a importância de uma pesquisa cultural cuidadosa e de um diálogo aberto com as comunidades representadas. Independentemente do resultado, este caso servirá como uma lição importante para a indústria de jogos sobre sensibilidade cultural e representação histórica.
Fontes: msn – readwrite – screenrant