A saída do Xbox da indústria de jogos seria melhor para todos?

O recente vazamento que revelou uma suposta intenção da Microsoft de abandonar o setor de jogos em 2027, caso sua expectativa com o número de assinantes do Game Pass não seja alcançada, é um tema que tem gerado diversas opiniões.

Os mais críticos têm apontado a aquisição de grandes editoras e a tentativa frustrada de implementar um sistema sempre online com o Xbox One como motivos para acusar a empresa de ser nociva ao setor de jogos. No entanto, a realidade é mais complexa do que parece à primeira vista. É essencial olharmos para o cenário mais amplo e considerar as contribuições significativas da Microsoft no mercado de jogos.

A empresa teve uma enorme contribuição no avanço da tecnologia de jogos ao introduzir o revolucionário Xbox Live, serviço que mudou a forma como jogadores interagem, permitindo a conexão e jogabilidade online global. Além disso, ao ouvir o feedback dos consumidores sobre o sistema sempre online do Xbox One, a Microsoft demonstrou sua capacidade de adaptação ao reverter sua decisão inicial, “mostrando respeito às preocupações dos jogadores”.

Não sejamos ingênuos; essa decisão foi parcialmente motivada pela competição com Sony e Nintendo, e o receio de perder usuários para as suas rivais que aproveitaram a situação para ganhar espaço em cima dos erros cometidos pela Microsoft. Aliás, a ânsia de aumentar suas margens de lucro, levou ambas também cometeram erros em suas decisões e tiveram de voltar atrás, mostrando que nenhuma empresa é santa quando se trata de dinheiro.

Como exemplos, em março de 2021, Sony anunciou o fechamento da Playstation Store nos dispositivos PS3, PSP e PS Vita, o que iria gerar diversos impactos negativos nos consumidores, sendo um dos mais graves a perda de conteúdo adquirido. Menos de 1 mês depois, a empresa voltou atrás em sua decisão por “ouvir o feedback dos jogadores”, e certamente o receio de enfrentar processos.

A Nintendo, em 2018, foi acusada de infringir a lei ao não permitir o cancelamento da pré-aquisição de jogos em sua plataforma. Em 2021, a empresa mudou sua política de reembolso. Isso ocorreu após um tribunal alemão anular uma decisão judicial anterior a seu favor, aceitando as argumentações da Federação das Organizações de Consumidores Alemãs (VZBV) que considerava a atitude injusta.

A aquisição de grandes editoras como a Zenimax e as negociações para a compra da ABK, tem despertado sentimentos exagerados nos fãs mais ardorosos das plataformas rivais. Eles acusam a Microsoft de comprar as grandes por não ter capacidade de criar novos títulos, usando como justificativa o falso argumento de que Sony adquire os estúdios quando ainda são pequenos para fazê-los crescer de forma orgânica. Desconhecem ou esquecem convenientemente as aquisições da Sucker Punch Productions em 2011, e a Insomniac Games em 2019, ambos já reconhecidos no mercado antes de serem adquiridos pela Sony.

Adquirir empresas, assim como manter exclusividade de certos títulos sempre fez parte da guerra por uma maior fatia do mercado de jogos. A Nintendo, apesar de realizar aquisições esporádicas como a da Next Level Games em 2021, tem sua estratégia focada no desenvolvimento interno e na colaboração com estúdios que já são parceiros de longa data para garantir títulos exclusivos. Bayonetta 3 é um ótimo exemplo dessa forma de agir.

Devemos sempre ter em mente que a concorrência é saudável e é o principal motivo que sempre levou as empresas a reconsiderar suas decisões. Três situações me vieram à mente enquanto escrevia esta matéria, começando pela situação da Sony que por um bom tempo resistiu ao cross-play, mas cedeu à pressão dos jogadores e desenvolvedores, a melhora em seu serviço de assinatura na tentativa de fazer frente ao Game Pass da Microsoft, e a implementação da retrocompatibilidade entre PS5 e PS4 por receio de perder usuários para a sua rival, pois este recurso sempre foi cobrado pelos jogadores da plataforma. Tais exemplos deixam claro o quão benéfico é a disputa entre as empresas por nossas carteiras.

Com relação à entrada de gigantes como Google e Amazon no mercado de jogos, é importante lembrar que ambas as empresas têm experiência limitada com jogos e hardware, e enfrentam grandes desafios para construir uma infraestrutura robusta para suportar jogos online. Além disso, o foco no streaming de jogos como o Amazon Luna e Google Stadia, ainda é uma tecnologia em desenvolvimento que enfrenta problemas como latência e requisitos de largura de banda.

Com esta matéria, quero deixar claro a você, leitor, que apesar de existirem críticas válidas à Microsoft, é inegável sua importância para o setor de jogos, assim como é importante a existência da Nintendo e Sony. A competição entre as três gigantes é o que impulsiona a inovação e o crescimento do setor, beneficiando a nós consumidores.

Devemos torcer não pelo fracasso de uma ou de outra, mas ficarmos felizes com a notícia de que novas empresas têm interesse em atuar na área de jogos, garantindo dessa forma uma inovação contínua e melhoria dos serviços. Caso você leitor, tenha interesse em matérias especiais sobre a contribuição de cada uma das empresas citadas para o setor de jogos, deixem nos comentários o que desejam. Grande abraço!

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